Mudando de Vida e Transformando Histórias

Um executivo de multinacional, bem sucedido financeiramente, recebe um convite para mudar-se para os Estados Unidos, onde assumiria um cargo importante no grupo, com maior ênfase social e profissional.

Esse seria, sem dúvidas, o auge de muitas carreiras, e, irrecusável para inúmeros executivos que sonham e almejam o status social que isso significaria.

Entretanto, aquele executivo, de meia idade, casado e apaixonado pela esposa, recusa, não por medo de novos rumos, mas, por saber que ela, a amada, não estaria preparada e não desejava morar fora do país.

Mesmo se privando de um sonho de qualquer profissional de sua área, manteve sua rotina de vida sem alternâncias.

Certa noite, ao chegar em sua casa, flagra a cena que poria fim a sua existência. Em um carro que havia presenteado sua esposa a vê, nos braços de seu motorista.

Desnorteado, como era de se esperar, perdido em seus pensamentos sai pela noite elaborando uma vingança.

Perambula nos bares, notívago, sem encontrar um ombro onde desabafar, percebendo que, entregue ao trabalho, limitara seu círculo de confidentes àquela ingrata.

Já amanhecera e ainda não decidira o que fazer. Certo que a mataria, e mataria também seu algoz, o motorista que não poderia perder só o emprego.

Próximo da Avenida Paulista, acena para um táxi que para e, ao entrar e sentar-se, antes mesmo de falar qualquer coisa, ouve um estridente aplauso.

Grita automaticamente, tira isso; que barulho é esse, e o motorista com calma lhe diz que era homenagem por estar no melhor táxi do mundo. Pensa, então: “não me faltava mais nada”, e, como quem quer fugir de si mesmo, ainda sem rumo, complementa: pega um estrada motorista.

O motorista solícito, em tom descontraído indaga: qual estrada? Qualquer uma, responde. Novamente o motorista pergunta: vamos tomar um chope no Pinguím (Choperia da Cidade de Ribeirão Preto), e, sem pestanejar responde, se pega estrada, pode ir.

Já na estrada, sentindo-se desafortunado, irrompe em lágrimas e soluços, chamando a atenção do motorista, que inicia uma tentativa de diálogo amigável, e, como foi a primeira pessoa a demonstrar-lhe preocupação sincera e provavelmente nunca mais o veria, resolve contar-lhe o ocorrido, mais por desabafo que por qualquer outro motivo, acrescentando ao final, que sua viagem serviria para arquitetar o plano de execução dos seus traidores.

Durante o deslocamento sentiu no taxista um ombro amigo e contou-lhe tudo de sua vida, da proposta de promoção, de sua vida entregue ao trabalho, de suas tristezas, e tudo o mais que o incomodava naquele instante.

Chegam à choperia e, entre um copo e outro, faz daquele motorista seu ouvinte, confidente e, por sorte de todos os envolvidos, conselheiro, e, dentro dos conselhos, um foi de total sabedoria:

Disse o taxista: “- O senhor não disse que tem total desapego às coisas patrimoniais, que sempre fez aquisições voltadas para o conforto e prazer da esposa; que recusou sua transferência para os Estados Unidos por ela? Então, por que matá-la? Por haver mostrado, com sua traição, que o que a unia ao senhor não era amor, mas, sim, interesse? Se aceita uma sugestão, dê a ela o que ela quer, se é a casa e os carros, dê. Faça sua transferência e vá viver feliz nos EUA. Se matá-la não lhe dará tempo sequer, para se arrepender, e, o senhor, estará preso, sem amor e sem felicidade.

Aquilo parecia resumir tudo que estivera procurando por toda aquela noite em bares e bares.

Retornaram para São Paulo, agora com outra expectativa. Foi para um hotel e, conforme lhe orientou seu novo amigo, o taxista, providenciou seu divórcio e deu para a ex. sessenta por cento de tudo que tinha, e, apenas três meses depois, era levado ao aeroporto no táxi que mudara sua vida, pelo motorista, com quem, até hoje, faz questão de manter contato por e-mail, e, a quem indica amigos e empresários que venham a São Paulo, para usarem seus serviços de transporte e amizade.

Quem é esse executivo, não posso dizer para preservar sua imagem, mas, o taxista eu posso, é João Batista de O Seu Táxi. Quer conhecer esta e outras histórias vividas e vivenciadas por ele, contate-o.

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